Quem não deseja se alimentar com orgânicos?

A essa altura de 2021, você já deve ter ouvido falar sobre a alimentação orgânica. E ainda deve ter dúvidas sobre o que se trata exatamente, afinal, tem outras dezenas de palavras relacionadas como proteção ambiental, sustentabilidade, alimentação saudável, nutrição, transgênicos e outros termos.

Cada vez mais, estamos recebendo informações sobre as necessidades do planeta, sobre a mudança climática, sobre economia circular e a relação disso com a proteção do meio ambiente.

A Organização Mundial da Saúde traz o conceito de UMA SAÚDE (One Health) que se trata da saúde humana, animal e a do planeta integradas através de programas, políticas, legislação e pesquisa, pois afetamos e somos afetados.

O conceito de cultura orgânica iniciou-se na década de 70, com agrônomos que buscam uma solução para controlar o uso indiscriminado de agrotóxicos na agricultura.

Os orgânicos são cultivados sem agrotóxicos que agridem o meio ambiente, cuidando do solo da plantação, evitando contaminação das águas dos lençóis freáticos e prevenindo o envenenamento dos animais da região.

São alimentos limpos e saudáveis, que respeitam a natureza e são até mais saborosos do que os produzidos tradicionalmente, afinal, não tem contato com agrotóxicos químicos que podem alterar seu sabor!


Alguns conceitos breves sobre termos que se confundem sobre os alimentos:

NATURAL – próximo da origem, quase sem processamento ou conservantes e aditivos artificiais

INTEGRAL – são submetidos à uma moagem especial que preserva os nutrientes como fibras, vitaminas, minerais

ORGÂNICOS – livre de agrotóxico, cultivo com responsabilidade social, respeito ao meio ambiente, respeito aos trabalhadores do campo

TRANSGÊNICO – é modificado geneticamente (OGM – organismo geneticamente modificado), contendo genes de outras espécies

 


Sabemos também que as doenças crônicas não transmissíveis: diabetes, pressão alta entre outras, tem causa direta relacionada a dieta alimentar. Se o Planeta todo adotasse uma dieta vegetariana até 2050, teríamos 7 milhões a menos de mortes por ano por doenças crônicas relacionada a dieta. Com menos pessoas precisando de tratamento de saúde, economizaríamos de 2% a 3% do PIB global. Fonte: BBC Brasil

Há alguns anos, o @greenpeacebrasil fez uma pesquisa na alimentação pública infantil do RJ e trouxe dados alarmantes em relação ao nível de agrotóxicos na alimentação das escolas municipais: 60 % das amostras apresentavam resíduos de agrotóxicos, sendo 5 alimentos em desacordo com a legislação: pimentão amarelo, verde, feijão carioca, couve manteiga e pepino. Receber essa carga de agrotóxico na infantil, quando o corpo da criança ainda está em formação é muito crítico para o seu desenvolvimento pleno.

Esses índices preocupantes iniciaram ações para conter o uso indiscriminado, como a Lei de Rastreabilidade, implantada em 2018 que visa monitorar e responsabilizar quem comercializa alimentos contaminados e prejudiciais à saúde de quem o consuma. Também em 2018, os currículos dos ensinos fundamental e médio tiveram a inclusão do assunto educação alimentar e nutricional nas disciplinas de ciências e biologia, respectivamente. É o que estabelece a Lei 13.666/2018, publicada nesta quinta-feira (17) no Diário Oficial da União.

Diante de tantas evidências, emerge a urgência do consumo de orgânicos. E a produção orgânica é muito mais que a ausência do agrotóxico nos alimentos.

 Segundo a Organis, entidade do setor, produto orgânico é “aquele obtido dentro de um sistema orgânico de produção agropecuária – ou extrativista sustentável – que beneficie o ecossistema local, proteja os recursos naturais, respeite as características socioeconômicas

e culturais da comunidade local, preserve os direitos dos trabalhadores envolvidos e não utilize organismos geneticamente modificados nem químicos sintéticos.”

Ou seja, além do cuidado com o alimento e a saúde de quem o consome, preserva questões amplas e integradas que afetam a todos, afetam essa One Health.

Fazer a nossa parte é mais do que a escolhermos a matéria prima isenta de aditivos que prejudiquem a nossa saúde e de nossa família. Também é: protegermos os agricultores e suas famílias, preservarmos o solo e os mananciais de água, cuidando para que continuem produtivos e regenerados, como a Natureza faz, realimentando-nos e a todo ecossistema que dela precisa.

Hoje, há mais de 20.000 produtores orgânicos no Brasil e esse número está em crescimento. Buscar comprar diretamente de produtores orgânicos ou, como em nosso caso, das cozinhas independentes, reduz o número de intermediários da cadeia, oferecendo o produto com valores melhores que o da cadeia tradicional, fresco e com o mínimo de processamento para melhorar a saúde de todos, gerando renda para famílias urbanas e rurais, construindo cidades mais justas e sustentáveis.